Desafios das empresas na adaptação ao novo sistema tributário

A aprovação do novo sistema tributário no Brasil inaugura uma fase de profundas transformações no ambiente de negócios, especialmente diante da complexidade e da amplitude das mudanças. Com a implementação da CBS e do IBS, impõe-se uma série de desafios práticos, operacionais e estratégicos para as empresas.

A necessidade de adaptação tornou-se um desafio central para organizações de todos os setores e tamanhos, que precisam se mobilizar para garantir conformidade e minimizar riscos financeiros e operacionais.

Transição entre regimes e constante atualização

Uma das principais dificuldades enfrentadas é a gestão da transição entre o regime tributário antigo e o novo. Esse processo será gradual e haverá um período em que ambos os sistemas coexistirão, exigindo das empresas a manutenção de rotinas paralelas de controle e prestação de informações. Durante o período de transição, as empresas precisarão apurar e recolher tributos tanto pelo sistema antigo (PIS, COFINS, ISS, ICMS) quanto pelo novo (CBS e IBS), aumentando a complexidade das rotinas fiscais.

A convivência com dois regramentos tributários distintos potencializa o risco de falhas, aumenta a carga administrativa e pode demandar ajustes frequentes tanto em processos internos, quanto em sistemas de apoio, como softwares de gestão e ferramentas de compliance.

Além disso, as alterações legislativas e regulamentares que acompanham o novo sistema exigem acompanhamento contínuo por parte das empresas. O cenário de incertezas legais, combinado à necessidade de atualização constante sobre regras e normas complementares, torna o monitoramento um trabalho permanente. A criação de áreas internas focadas em legislação tributária, bem como a capacitação dos times de contabilidade e jurídico, serão essenciais para evitar infrações acidentais e aproveitar eventuais incentivos fiscais previstos nas normas de transição.

Outro ponto de atenção fundamental é a atualização de tecnologia da informação. O novo sistema demanda reconfiguração de sistemas de ERP, treinamentos de equipes e integração de rotinas administrativas para lidar com novas formas de apuração, escrituração e recolhimento dos tributos. Essa adaptação tecnológica requer investimentos consideráveis, planejamento estratégico e, muitas vezes, a contratação de consultorias especializadas para identificar os impactos práticos das mudanças e mitigar eventuais riscos de não conformidade.

Peso da carga tributária e revisões contratuais

O impacto financeiro direto também é motivo de preocupação. O novo sistema pode alterar a carga tributária efetiva de segmentos específicos, afetando a lucratividade e a competitividade dos negócios. Com a adoção de novos critérios para apuração, muitas empresas precisarão realizar simulações recorrentes para entender como cada fase da transição impacta suas receitas, custos e margens. O redesenho do planejamento tributário se faz necessário para garantir sustentabilidade financeira, considerando ainda os efeitos sobre preço de venda dos produtos ou serviços e ajustes no fluxo de caixa.

Empresas com contratos de longo prazo vigentes precisarão revisar cláusulas de repasse de custos tributários, já que as alíquotas e a base de cálculo podem mudar durante a transição. O novo sistema pode exigir renegociação de preços e condições comerciais para acomodar a nova carga tributária.

Conclusão

Por fim, a adaptação ao novo sistema tributário demanda um esforço colaborativo entre diferentes áreas da empresa. Lidando com o desafio de alinhar setores fiscal, contábil, financeiro e operacional, será imprescindível adotar uma abordagem proativa, baseada em planejamento estruturado, qualificação de equipes e investimento em tecnologia, para navegar de maneira eficiente por essa profunda reestruturação que impacta desde o dia a dia administrativo até a estratégia competitiva das organizações.